O agronegócio é uma das principais atividades econômicas do Brasil, sendo um setor complexo e em constante evolução, com diversos desafios e oportunidades. Para se ter uma noção do tamanho da representatividade do setor, podemos falar em números. Em 2021, o PIB do agronegócio bateu recorde, atingindo uma participação de 26,6% do PIB total do país. Em 2022 as projeções apontam uma ligeira queda, mas ainda representando uma fatia expressiva das atividades econômicas, 24,8%. Olhando para o mercado internacional, o setor contribui para resultados positivos na balança comercial. Desde fevereiro de 2022 que os números da balança comercial do agronegócio são positivos, contribuindo para manter a balança comercial total também no positivo. No acumulado dos últimos doze meses, o superávit comercial do agronegócio somou US$ 141,96 bilhões, valor 26,2% maior que em igual período dos doze meses anteriores. Além disso, o setor contribui ativamente para a formação de empregos no país. Em 2022, o número de pessoas atuando no agronegócio brasileiro seguiu avançando. Pesquisas realizadas pelo Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da Esalq/USP, mostram que, no terceiro trimestre, a população ocupada (PO) no agronegócio somou 19,07 milhões de pessoas, aumento de 0,9% (ou de 170,8 mil pessoas) frente ao mesmo período de 2021 e o maior número desde 2015.
Quanto a produção do país, os resultados são cada vez mais expressivos. O país se tornou o maior produtor mundial de soja, e segundo estimativa do levantamento de grãos da Conab, a próxima safra de grãos pode atingir valor recorde de 309,9 milhões de toneladas, sinalizando incremento de 13,8% ou 37,5 milhões de toneladas frente a safra 21/22. Para se entender na prática a grandiosidade desses números, o estado do Mato Grosso é o maior produtor de soja do país, e segundo levantamento do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), a produção de soja no estado, durante a safra 22/23, é estimada em 41,46 milhões de toneladas. O valor é superior a produção estimada da Argentina, e desta forma, o estado se tornaria o terceiro maior produtor de soja do mundo (caso fosse um país).
Certo, entendido a grandeza e importância do agronegócio. Mas afinal, qual sua ligação com o universo de dados? Se analisarmos friamente, as atividades agrícolas sempre estiveram pautadas em informações e dados. Afinal, os produtores precisam saber qual o melhor momento para o plantio de determinada cultura, e qual o melhor momento para a aplicação de defensivos. E após a colheita, qual estratégia de comercialização é mais eficiente? Todos esses questionamentos utilizam-se de dados e informações para auxiliar na tomada de decisão. A grande diferença dos dias atuais é que a tecnologia veio para auxiliar e elevar a eficiência na tomada de decisão. Seja estruturando melhor os dados, fornecendo visualizações mais eficientes dos dados através de dashboards, ou realizando projeções futuras sobre produção e precificação. E mais do que isso, cada vez mais a tecnologia está se tornando acessível para todos, democratizando o acesso a informação, e elevando a eficiência nas operações.
Aliás, um dos grandes desafios vigentes atualmente é relacionado a conectividade. É preciso superar algumas barreiras, como a falta de padronização dos dados e a resistência à adoção de tecnologias. Muitas vezes, os dados são coletados de diferentes fontes e em diferentes formatos, o que dificulta a análise e a utilização dessas informações. Para amenizar esse problema, é necessário criar protocolos de interoperabilidade que permitam a integração de dados de diferentes sistemas e equipamentos, além da conscientização sobre os benefícios dos dados na agricultura, que pode ajudar na acelerarão a adoção do uso efetivo de soluções baseadas em dados. E não só os produtores rurais podem (e devem) se beneficiar do uso eficiente dos dados. Todos os agentes da cadeia do agronegócio, desde a indústria fabricante de maquinário, até traders de commodities, estão sujeitos aos benefícios das soluções baseadas em dados. Afinal, citando o grande escritor e filósofo Peter Drucker, “se você não pode medir, você não pode gerenciar”. As soluções baseadas em dados vêm (dentre outros benefícios) para suprir essa demanda, auxiliando, e impulsionando a tomada de decisão.
Um exemplo prático na adoção de tecnologia na agricultura brasileira foi o plantio direto. Essa técnica foi introduzida no Brasil na década de 1970 e desde então tem causado uma verdadeira revolução na produção agrícola do país. Com a introdução do plantio direto, os produtores rurais passaram a semear diretamente as sementes no solo coberto por restos vegetais da cultura anterior. Essa técnica tem diversos benefícios, além de possibilitar mais de uma safra de culturas diferentes em um ano agrícola, aumentando a eficiência de produção.
Está mais do que na hora de aproveitarmos a evolução das tecnologias digitais, e fomentar uma nova revolução no agronegócio. Neste sentido, a Dataside vem contribuindo para fomentar essa missão. A exemplo de um projeto desenvolvido para uma grande empresa do agronegócio, com expertise na produção frutífera, como por exemplo, a maçã.
Para contextualizar, a produção de maçã no Brasil tem uma história que remonta ao século XIX. A introdução da cultura no país ocorreu com a chegada dos primeiros imigrantes europeus, principalmente alemães e italianos, que trouxeram as mudas de maçã para o Sul do Brasil, mais especificamente para as regiões de Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Hoje em dia, o Brasil é um dos principais produtores de maçã da América do Sul e está entre os maiores produtores do mundo, representando aproximadamente 1,5% da produção mundial. Em três décadas, segundo a Associação Brasileira de Produtores de Maçã (ABPM), a produção do Brasil cresceu mais de 6.000%. Atualmente, a maçã movimenta R$ 7 bilhões na economia. Em 2021, foram aproximadamente 1,3 milhões de toneladas produzidas, em um total de 32.879 hectares.
Visto o crescimento exponencial da cultura no país, acreditamos que ainda há espaço para melhorias, a fim de garantir cada vez mais espaço na produção mundial. Desta forma, como mencionado, a Dataside desenvolveu projetos para uma grande produtora de maçã do país. A primeira frente de atuação da Dataside nesta empresa foi relacionada ao People Analytics, ou Headcount.
Contextualizando, o Headcount é uma prática que consiste em monitorar e controlar o número de pessoas e a força de trabalho de determinada empresa. Essa prática é importante para garantir a segurança, a eficiência e o gerenciamento adequado dos recursos disponíveis. No agronegócio, os benefícios do Headcount vão além dos convencionais, pois existem ciclos de produção, como a safra e entressafra. Desta forma, o objetivo da atuação foi confeccionar um painel em Power BI que permitisse a análise da área de Recursos Humanos, com visões referentes aos dados dos colaboradores, contratações, movimentações, desligamentos, evolução salarial e absenteísmo, facilitando a tomada de decisão. Alguns benefícios podem ser traçados para esse projeto, tais como a otimização de recursos (não só a força de trabalho, mas também equipamentos, ferramentas e materiais necessários para a produção. Ao evitar uma sobrecarga de recursos ou sua subutilização, é possível reduzir custos e aumentar a produtividade), eficiência operacional (envolve a programação adequada das atividades, a definição de metas de produção realistas e o planejamento de acordo com a capacidade de trabalho disponível. Com um controle efetivo, é possível evitar gargalos e atrasos, otimizando o fluxo de trabalho e maximizando a produtividade, garantir a saúde e segurança dos trabalhadores, dentre outros inúmeros outros benefícios.
Foto 1. Dashboard de People Analytics (visão geral) desenvolvido pela Dataside.
Foto 2. Dashboard de People Analytics (retenção dos colaboradores) desenvolvido pela Dataside.
Uma segunda frente de atuação nesta empresa refere-se ao controle de comercialização de frutas com terceiros. Produtores da região comercializam seus produtos in natura com esta empresa, que por sua vez, realiza o processamento e distribuição. O objetivo desse projeto foi criar um controle e dashboards com informações a respeito destes produtores, desde valores de volume, até dados financeiros. Desta forma, a tomada de decisão foi otimizada, auxiliando na elaboração, e análise da estratégia da empresa para com os seus terceiros.
Foto 3. Dashboard controle de comercialização de frutas com terceiros desenvolvido pela Dataside.
Sendo assim, estes foram alguns casos reais que a Dataside pode contribuir para a melhor tomada de decisão, utilizando os dados e inteligência de negócio para a evolução do agronegócio brasileiro.